Pois é!
Nesta semana, a mídia abordou um tema sempre presente nas nossas relações. O que acontece quando o marido, e não a mulher, é o dono de casa?
A propósito, há um casal, Marcos e Vitória, da novela Vida da Gente, da TV Globo, que chama atenção para a questão. Ele não trabalha! Cuida da casa e das crianças e ela, bem, ela é a provedora. A que sai à busca do dinheiro. Na novela, eu acho que ela acabará sozinha. Não pela inversão de papéis, mas pelo que ela se tornou como ser humano. Ambiciosa, vaidosa, sem escrúpulos, gananciosa, manipuladora etc.
Ficção à parte, na vida real não é diferente. A questão de quem vai cuidar da casa é realmente algo a ser debatido, discutido e definido. É preciso que haja um consenso do casal e, o mais importante, uma solução na qual nem um nem outro se sintam usados.
Em pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, 91% das mulheres entendem que a responsabilidade dos afazeres domésticos é delas — não importando quem os faça, isto é, nós mulheres não abrimos mão dessa responsabilidade... Já com relação às finanças, o homem é quem deve sustentar a família para 62% dos homens e 51% das mulheres brasileiras.
Resultado, confusão à frente. Ou seja, 49% das mulheres não abrem mão da responsabilidade da casa, mas, ao mesmo tempo, quer estar à frente das finanças, como executiva, como provedora etc. Que sobrecarga! Será mesmo que nós, mulheres, somos capazes? Teremos pernas para cuidar de todos os afazeres domésticos, ser responsável pela educação das crianças, prover? Ou seja, sustentar a família?
Então, quanto mais o tempo passa, mais ficam complexas as escolhas da vida a dois
Durante os últimos 2 mil anos, o homem tem sido o provedor e, por isso, goza de alguns privilégios que o próprio patriarcado impõe. E agora? O que vai acontecer com uma sociedade mais feminina? O que vai acontecer com a educação monitorada pelos homens e não pelas mulheres? O que acontecerá com os privilégios dos homens, eles serão repassados às mulheres? Repostas a essas perguntas só mesmo com o tempo. Vamos precisar viver toda essa mudança para entender o que acontecerá com essa evolução. É possível que haja um equilíbrio maior em que possamos compartilhar nossas responsabilidades em prol da família. Por que não? O caminho do meio tem demonstrado ser sempre o mais eficaz!
Bem, voltando para o hoje, aqui e agora!
Delegar a responsabilidade para um ou outro demanda desapego, confiança e cooperação. Não dá para delegar e ficar cobrando, ficar o tempo todo querendo saber como o outro está fazendo. Pior: não deixar o outro terminar e sair "remendando" tudo o que foi feito, ou reclamar de tudo, reclamar do outro, reclamar da relação. Não dá para concordar com que o parceiro fique em casa com as crianças e você morra de ciúmes tentando controlar o que o outro faz. Não dá para cuidar do trabalho, gerenciar uma equipe e ficar todo o tempo em viagens e imaginar que tudo estará lá do jeito que queremos... Não dá para, no meio do jogo, mudar as regras, sem que haja nova negociação.
O que é combinado não é caro. Por isso, se na sua relação a decisão é experimentar inverter os papéis, siga em frente. Mas deixe que o outro cuide de sua parte. Caso contrário, você ficará sobrecarregada e o outro se sentirá péssimo por não poder contribuir ou por não ser reconhecido.
Relacionamentos são feitos a dois. E não a um! É claro que precisa haver espaço para o indivíduo, para que não haja uma mistura. Ainda assim, como em toda relação saudável, tem de haver troca, tem de ser pautada no amor, no bem-estar de um e de outro. Há que ser equilibrada.
No mais, para cada casal um modelo. Não acredito em modelo certo ou errado, e, sim, no que dá certo para os dois. Vale ressaltar, no entanto, que, muito além do que um e outro se torna responsável, há o instinto, a essência, o centro do ser. E, nesse ponto, por mais que queiramos ceder para manter o status da relação, não há muito que fazer.
Pense, por isso, antes de entrar num acordo desse tipo. Entenda a si mesmo. Ao que pode e ao que não pode. Compreenda seus limites, os limites do outro. Analise se o preço a pagar está de acordo com o que você pode bancar. Depois, bem, depois é só começar a criar o modelo ideal para sua relação. O modelo a dois.
Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos Codependentes, Você Está Disponível? Um Caminho para o Amor Pleno e Coisas do Amor.
Dúvidas sobre relacionamentos? Envie para s2maia@yahoo.com.br que elas poderão ser comentadas aqui no blog
Mais informações sobre a autora no www.sandramaia.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por postar no nosso Blog!
Beijos bem D.a's!